05 dezembro 2007
É com prazer que o Koletivo de Resistência Anarcopunk e a Convergência de Grupos Autonomos convida a tod@s para a Flor da palavra y Jornadas Anarcopunx. Esse é um evento aberto que não tem uma linha a ser seguida, é um evento que aponta em várias direções e a maioria das atividades vai ser construida por quem estiver lá,esse evento é feito para aquel@s que se sente excluid@s(nem que seja por nós mesm@s), para aquel@s que discordam de nós, das nossas frases e das nossas práticas, é para aquel@s que conseguem entender que a nossa luta contra o capitalismo já faz parte da construção de um outro mundo e sobre tudo é para aquel@s que querem lutar de forma autonoma.
Sejam Bem vind@s!
15 outubro 2007
Últimas Notícias Sobre A Casa das Pombas, Brasília.
Doações para a Comissão Legal, enviar email para: casa_das_pombas @ riseup.net
Continua a criminalização dos movimentos envolvidos na construção do Centro Cultural Casa das Pombas, em Brasíla. Há dez ativistas presas/os nas penitenciárias no DF. O Centro Cultural, que funcionava como espaço comunitário de convivência entre indivíduos e grupos autônomos de Brasília, já durava mais de um mês. Porém, no início desse semana, ocorreram duas batidas policiais no local que deteram mais de 15 ativistas, havendo várias violações dos direitos de defesa das/os mesmas/s.
Na madrugada dessa quinta-feira, dia 11, os/as detidos/as na segunda batida, acusadas/os pelo crime de formação de quadrilha pelo delegado Damião Lemos, foram encaminhados/as para penitenciárias locais, aonde passaram a noite. É de conhecimento público que os grupos que por ali circulavam tinham como postura ideológica uma crítica na relação estabelecida pelo capitalismo entre propriedade privada, crescente especulação imobiliária, e o poder de mando das corporações. O prédio em que o Centro funcionava pertencia ao Banerj, que foi recentemente comprado pelo grupo Itaú, e que estava abandonado há mais de doze anos, com dívidas acumuladas de impostos não pagos.
O grupo de advogadas/os de defesa elaborou um pedido de habeas corpus, o qual foi negado pelo juíz responsável pelo caso, Jerry A. Teixeira. Ao meio dia de hoje (11) um pedido de liberdade provisória foi encaminhado ao Tribunal de Justiça (TJ) do DF. Os movimentos estão aguardando as decisões judiciárias que serão efetivadas, no mais tardar, pela noite. A situação das/os estrangeiras/os precisa ser legalizada e para isto duas das detidas deverão pagar a quantia de mil reais cada uma.
É importante a solidariedade, tendo em vista que se trata de prisões políticas que atacam diretamente a organização de diversos movimentos sociais no Brasil. O Centro de Mídia Independente manifesta sua revolta frente à perseguição sistemática aos movimentos sociais, principalmente os que colocam em xeque a especulação imobiliária.
Ocupação é despejada e ativistas são detidas/os em Brasília.
Porém, na noite dessa segunda-feira, dia 8, após mais de um mês de ocupação, os ativistas foram surpreendidos por uma ação do Batalhão Tático da Polícia Militar do Distrito Federal. Armada com metralhadoras, revirando todos os móveis e apreendendo materiais impressos, os policiais chegaram a afirmar que encontraram drogas. Cinco ativistas latino-americanas foram detidos/as e levados/as para abrir inquérito na sede da PF. O único ativista brasileiro que estava na casa no momento foi encaminhado para uma delegacia da Polícia Civil e também interrogado. Durante a interrogatório, o delegado repetiu diversas vezes que o antigo proprietário, o banco BANERJ, estava entrando com pedido de reintegração de posse.
Na madrugada dessa terça-feira, às 2h da manhã, todos as/os ativistas já haviam sido liberadas/os e numa assembléia extraordinária resolveram resistir no local até que o pedido de reintegração chegasse oficialmente, com a disposição de levar a luta no campo jurídico. Alguns ativistas permaneceram no local para passar a noite. Porém, na manhã dessa terça-feira (9), às 10h, a PF e a Polícia Civil invadiram o local, ameaçaram com metralhadoras as/os ativistas que estavam do lado de fora e mantiveram por mais de uma hora as/os dez moradores lá dentro. Durante a tarde, o delegado da Polícia Civil afirmou que as pessoas responderão por crime de formação de quadrilha e esbulho possessório.
Esta ocupação nasceu de uma luta histórica do movimento autônomo do DF em transformar espaços vazios em lugares vivos e ativos. O local já abrigou reunião de diversos grupos, dentre várias outras atividades, e se tornou um legítimo Centro sócio-cultural.
Convocatória Aberta às Pessoas Comuns.
A todas as pessoas companheiras, que dividem conosco, além de vidas cinzas, as lutas para ocuparmos e colorirmos o descaso imposto pela ganância urbana do lucro, da especulação de poucos sobre muitos.
A todas que partilham dos sonhos cotidianos de uma vida com liberdade e alegre de quem não quer acumular capital e resiste contra ele.
Amigas, não é de hoje que as existências iniciam e acabam, mesmo quando nos seus momentos de maior intensidade, em preto e branco – como sem significado, roubadas, exploradas -, inseridas como estão num ambiente descolorido massificador, cheio de concreto, de aço, de imponentes edifícios que arranham o céu, além de muita competição de mercado e de especulação de coisas - sim, coisas - móveis - como nós – e imóveis. Estas coisas “imóveis”, a serem ocupadas pelo povo, construídas que foram por esse mesmo povo, deveriam ser ocupadas, tratadas, reformadas, trocadas, concedidas, pintadas, conservadas, ressignificadas por ele. Não é isso? Na realidade e no tempo atuais, ou de séculos atrás, não é. O que a gente vê é a grande e fria distância entre nós e aquilo que deveria ser nosso espaço. Ora, porque isso acontece? Acontece porque as forças dominantes, dos ricos, têm seus valores, sua cultura: tem mais valor o objeto a ser vendido, o lucro, do que as pessoas. Tudo é visto como “coisa”, inclusive as pessoas, levando as outras “coisas” - imóveis -, que não são autônomas, a serem mais bem tratadas do que as pessoas. O lucro, e assim, a mercadoria, e a propriedade privada, importa mais do que as pessoas. O Estado e o Capital deixam claro: os espaços não podem ser populares, da sociedade, usados, ressignificados pela gente, e o pior, depois de construídas por nós mesmas, pessoas comuns! Então, por argumento de garantir a especulação ou manter o dever sagrado da propriedade privada, o povo é duplamente excluído de espaços que deveriam ser só seus e da natureza. A terra é tirada dos camponeses, o teto é distante dos trabalhadores urbanos.
Muitas são aquelas, porém, que não se calam, não se rendem perante as forças desta ordem vigente. Seja com os “kraakings” autonomistas da Europa de 1970, com as ocupações de terra de movimentos de massa como o M.S.T., ou urbanas do M.T.S.T., com os centros sociais/culturais autogeridos por jovens subversivos mundo afora, inclusive aqui no Brasil, são grandes a resistência e a transformação global ou localmente. Chega a ser alarmante constatar que cerca de 34 milhões de pessoas no Brasil estão na condição subumana de “sem teto” (dado da ONU)! No D.F., o G.D.F. realizou vários despejos de famílias de ocupações populares este ano. Em contra partida, é marcante a luta da companheirada do M.S.T. e do M.T.D. e nós do K.R. (A). P., Koletivo de Resistência AnarcoPunk, queremos repetir experiências nossas que vão nesse sentido. Experiências de resistência, de uma outra cultura, de contracultura, por liberdade, pela “autogestão de nossas próprias vidas”, como reclamamos e reclamávamos à época das eleições no ano passado. Experiências de ousar contra este sistema de “coisas” que aí está.
No final de 2006, em conjunto com várias companheiras de luta autônoma, fizemos algo que há tanto reclamávamos: uma ocupação! Num bairro popular, a ocupação teve forte apoio comunitário, pena que sofremos despejo e repressão policial no mesmo dia. Ultimamente, estivemos confabulando para tentar outra vez, pensando que o melhor meio para chegarmos a esse fim é a articulação conjunta que houve no passado. Por isso, e entendendo que solidariedade e apoio mútuo são mais do que palavras, até mais do que perspectivas, são práticas de contracultura, e de autonomia, de autogestão, queremos, como Koletivo de Resistência AnarcoPunk que somos, convocar quem possa interessar, indivíduos, coletivos, movimentos, a se solidarizar e construir em conjunto um projeto, com fins socioculturais de ocupação de espaço em situação de abandono, aqui no Distrito Federal. Entretanto, já iniciamos esse processo de organização há algum tempo. Queremos que tal ousada iniciativa – mais uma, e não vamos desistir – possa desembocar num centro social autogerido, a exemplo dos que já existem pelo país e pelo mundo afora, com horizontalidade e independência. Esperamos que já a partir de agora se dêem reuniões ou encontros com mais pessoas. Fiquem tod@s atent@s a qualquer chamado para tanto. Qualquer outra ajuda, como doação de utensílios, seria bem-vinda.
É com prazer que o K.R. (A). P. convidamos você a se integrar, a ajudar nessa empreitada rebelde e ousada, porém bem modesta, com base em nossos princípios e nas experiências, já de alguma data, que temos acumulado. Os critérios de entrada nessa movida são simples: basta querer se dispor a construir um outro espaço, outro mundo, de resistência, e concordar que este modelo de mundo imobiliário que está aí, que imobiliza a gente, é injusto e não contempla as demandas de vida dos indivíduos, de autonomia e de horizontalidade.
Achamos que “carregamos um mundo novo em nossos corações” e podemos construí-lo de fato e desde já, com senso de modéstia e de coletividade. “Se não for agora, quando? Se não formos nós, quem?”. Reforçamos o convite, um pedido de solidariedade e apoio mútuo está feito.
Estimamos força a todos os projetos companheiros de luta.
Um despejo, outra ocupação!
Um espaço ocupado é um espaço encantado!
Comunicação, corpos, mobilidade, espaço livres!
Liberdade!
Koletivo de Resistência AnarcoPunk – D.F..
Agosto de 2007.
31 julho 2007
Relato sobre a squat N4, okupada em 4 de novembro de 2006, Porto Alegre.
Vemos a squat, antes de tudo, como uma experiência e prática de anarkismo e, justamente por isso, queremos relatar aqui sobre as transformações, as idéias, os conflitos, as dúvidas.
Construímos, recentemente, um forno de barro e também uma composteira que vai transformar em adubo nosso lixo orgânico. Queremos ainda construir um banheiro seco, que não contamina e economiza litros e litros de água potável. Os banheiros da kasa foram depredados, não há saídas de esgoto que funcionem e água encanada, mas algo além disso nos motiva à construir um banheiro alternativo.
Devido a um incêndio que consumiu boa parte da infra-estrutura - principalmente a de madeira - temos apenas dois cômodos com telhado, onde dormimos atualmente. Queremos construir telhados e peças inteiras utilizando barro, bambu, garrafas, caixas de leite e outras formas alternativas que sejam mais ecológicas, inteligentes e econômicas. Essa carência nos fez começar do zero, porém, graças a isso, podemos questionar e escolher como e para que construir; podemos trocar conhecimentos práticos e desenvolver e incentivar essas alternativas. Pensamos em como seria recompensador ver os muitos barracos que nos cercam cobertos de barro, trabalhando como isolantes térmicos, ou até mesmo com banheiros secos deixando clara a independência de um sistema público de saneamento básico que tarda em chegar.
Xs amigxs mais pessimistas falam em algo em torno de vinte anos para deixar a kasa pronta, xs mais positivxs, dez. Porém, “pronto” quer dizer muitas coisas e, para nós, quase como uma metáfora para a vida, estar pronto é um estágio que nunca alcançamos, porque o real objetivo é estar em constante transformação, revolução. Entretanto, nos parece obvio que mais cômodos com telhado são necessários.
Outra coisa que viemos fazendo é o cadastro de nossos livros, zines e outras publicações para que possamos disponibilizar-los para leitura e, talvez, empréstimo. Além do conteúdo libertário, pensamos também em focar em livros didáticos. Ocasionalmente tem acontecido uma oficina de wen-do – defesa pessoal feminina(sta) – que queremos ampliar, e tornar semanal. Planejam-se para breve, oficinas de teatro de rua, de plantas medicinais, grupos de estudos...
Okupar e resistir têm sido para nós, viver em comunidade, em imersão em um micro-ambiente onde praticamos e desenvolvemos métodos para vivermos mais felizes e mais livres. Sem hierarquias inquestionáveis, sem autoridades inquestionáveis, sem regras impostas. Horizontal, cooperativa, autogestionada. Mas não é só isso: acreditamos que esses princípios deveriam ser universais e lutaremos por isso. Lutaremos para questionar e romper com o conjunto de valores éticos e morais, condutas e verdades, hábitos, costumes e tradições, a cultura: que teima em controlar nossas vidas e torná-la uma silhueta. Lutaremos para ser uma ameaça.
Retomar a medicina, a arquitetura, a alimentação, o ócio, a cultura, a sabedoria. A contracultura, a contramedicina, a contraarquitetura. Retomar e Redistribuir.
Texto por N4
www.squatn4.blogspot.com
squatn4@hotmail.com
Cx postal 8593
Ag. Tristeza
Cep: 91901-970
POA -RS
17 julho 2007
"façamos dos espaços vazios, cheios de vida novamente!"
Recentemente tivemos a experiência de ocupar uma casa na região metropolitana de Porto Alegre, na cidadezinha de São Leolpoldo. A nescessidade de um espaço físico para algumas atividades do coletivo Mentes Plurais, fez buscarmos esse lugar. Então, depois de uma curta pesquisa de casas disponíveis resolvemos ocupar no dia 20 de Maio de 2007. Foi bem tranquilo o dia em que entramos. A casa que antes era um lugar sujo, que servia de “mocó” e não cumpria sua função social agora ganha vida e coloridas cores. Nos dias que seguiram houve algumas complicações com os antigos "moradores", depêndentes químicos, pessoas que realmente não tinham lugar algum para morar, um erro nosso não ter tentado um diálogo com essas pessoas. Quando entraram ficaram do outro lado da casa, que era dividida ao meio por uma parede. Nós muito assustad@s resolvemos não falar nada.
A casa situava-se no centro de São Leolpoldo, do lado da estação de trem. Era um espaço bem grande, uma casa dividida em duas. Tínhamos diversos sonhos ali, hortas com os mais variados legumes, biblioteca comunitária, realização de oficinas, encontros de malabares. Nosso maior objetivo era que ali fosse um grande polo de difusão do anarquismo e da revolta. Não queríamos cometer o mesmo “erro” que muitas outras okupas punks cometem, em ocupar e apenas morar, nossos sonhos eram além. Nossa vontade era que o espaço fosse frequentado pelo mais variados tipos de pessoas, desde o tiozinho que cata latas até o artista de rua. Não queríamos que a casa tivesse um fim em si mesmo, mas que fosse um dos meios ao qual poderíamos estar atuando.
Seis dias antes de completar um mês fomos surpreendidos com o desalojo, que já era esperado. Alguns dias antes fomos até a prefeitura verificar novamente como andavam as dívidas da casa, pois suspeitávamos de que a antiga proprietária pudesse nos tirar dali. E havia um IPTU pago recentemente, isso nos deixou apreensiv@s e com medo, mas não desistimos. Aconteceu um pequeno evento com a mostra de um filme muito interessante, “A Tornallion” sobre uma comunidade agrícola de Valência que lutava para não ser desalojada devido a construção de um porto marítimo. Quando faltavam 5 dias para completar um mês que estávamos ali recebemos a visita de um advogado querendo que saíssemos, sem revelar quem o mandou, disse que a casa fora comprada por alguém e que ali viraria um estacionamento. No dia seguinte, pela manhã, quando ainda estávamos dormindo, ele aperceu com um caminhão de mudanças e com mais alguns capangas. Resolvemos questioná-lo pois não havia pedido de reintegração de posse, o questionamento era viável, sem aquilo não poderíamos sair. Ele então ameaçou chamar a polícia, para que nossos nomes não fossem registrados, resolvemos sair.
Essa foi uma experiência muito boa, apesar dos erros cometidos, talvez se tivéssemos conversado e planejado um pouco mais antes de ocupar poderia ter sido diferente. Fica aqui minha força à tod@s @s compas que lutam para que se seus sonhos se tornem realidade. Que surjam cada vez mais ocupações pelo resto do mundo, façamos dos espaços vazios, cheios de vida novamente! Muita luta à tod@s! Coletividade Sempre!
por: Kassandra
Coletivo Mentes Plurais
caixa postal: 17018 cep:90010-970
Porto Alegre-R$
28 junho 2007
"...um dia que ao invés de nos desanimar, nos provou a força da coletividade e dando mais força, revolta e experiência para seguirmos caminhando, sem dar passos atrás nesta luta sem final! Enaquanto houver gente sem casa e casas sem gente, haverá okupações! "
"Se morar é um privilégio, okupar é nesserário!"
à comunidade de Brazlândia,
à tod@s que meteram a mão na massa,
às/aos compas que nos desejaram sorte e prestaram apoio,
"Relatos de uma okupação... e um desalojo"
Era por volta de 7 hrs da manhã do dia 22 de dezembro de 2006, quando um grupo de 12 pessoas chegam ao local tão esperado. Uma casa pequena, com um quarto, um banheiro, uma salinha com cozinha e um pequeno espaço aberto em frente, passaria do abandono a okupação de vidas, sonhos e lutas. As 3 pessoas que pularam o portão, e com o auxílio de quem ainda estava de fora, destroem a fechadura, abrindo ao som do "kraak" as possibilidades para uma construção libertária. As tralhas e mochilas são logo colocadas a dentro, as pessoas observam o local sujo, e já começam a por as mãos na massa; dentro da casa vários sacos e caixas, fora se entulhavam centrimetros de terra, galhos, mato, mal podendo ser vista a "cor" do chão.
Antes
A porta da casa de fato, tampada com tijolos, é posta a baixo, enquanto pela janela de trás entravamos alguns ansios@s em ver dentro. Nos surpreendemos ao ver que a fiação elétrica ainda estava na casa, e tinha ainda vaso, torneiras, um armário novo e uma cama que poderia ser reaproveitada. Nos surpreendemos ainda mais quando mechendo no relógio de água ouvimos o som da descarga após ser puxada: tinhamos água! Logo começamos a desentulhar a entrada, levando os galhos pra fora e, com o empréstimo de um carrinho de mão e mais uma enchaida de vizinhos, levavamos terra, grama e tudo mais. Foi bom ver a reação também animada da vizinhança, pois curiosamente perguntavam-nos sobre o que estava aconteçendo, e nossas respostas muitas vezes curtas mas simpaticas de que acabaria aquela abandono e que revitalizariamos o espaço, sugeria o desejo de boa sorte, de força. E ao passo que retiravamos e sujeira, crescia mais e mais a felicidade, nossa e da comunidade, vendo pessoas integarindo num mutirão dando Vida ao abandono. Ao longo do dia, nos já em 16 pessoas que transitavam, surpreendiamos com nós mesm@s: atestamos que 'sem mutirão, não há solução!'. De 7 da manhã até umas 17 da tarde o local estava praticamente outro, sem nenhum entulho na frente nem dentro da casa, haviamos colocado uma porta no banheiro e o limpado, pintado de rubro-negro o portão, tampado os burracos do muro com retalhos de tijolo e cimento, ligado a água, limpavamos o chão empoeirado e ainda com ótimo diálogo com a comunidade; fizemos com esperança, camaradagem e criatividade o que alguém pago pra fazer não o faria; começavamos a rir ao ver se concretizando o começo de sonhos e projetos.
Depois
Foi então que, após a primeira chuva (que inclusive ajudou-nos a limpar mais a entrada), por volta de 17:30, ao invés da calmaria, chegam três políciais em um carro batendo no portão... Alegavam estar com a proprietária e, logo que abrimos, indagaram-nos -como de costume- o que faziamos alí, quem era o proprietário ou se alguém era parente. Adentraram a casa observando a situação enquanto tentavamos algum diálogo e argumentações, mostramos fotos de como estava o local antes, nosso projeto para o futuro Centro Social. Porém não tinha muito o que conversar com os políciais, a proprietária estava na delegacia, e já sabia do ocorrido desde as 11hrs. Foi presiço ir 2 pessoas lá falar com ela, enquanto outros 6 esperavam na casa sem saber o que aconteçeria. Na delegacia, a disposição da dona do abandono não era de diálogo, apenas queria seu imóvel de volta alegando que estava em construção, provavelmente para o deixar as traças novamente; ao menos não queria registrar ocorrência, o que nos complicaria com as acusações de invasão de domicílio e corrupção de menores. Na casa, ainda tinhamos esperança de nossa permanência e absurdamente contentes com nosso trabalho naquele primeiro dia, e que viria a ser o único. Então por volta das 19:30 chega à casa um delegado e um agente da polícia civil, mesmo que tentavamos esboçar alguma resistência e diálogo, não tinhamos muito o que fazer: ainda tinha raios de sol e pelo fato de ser o primeiro dia ali não preçissavam de mandato pra nos retirar. Estava feito mais um desalojo...
Nossas coisas ficaram na casa vizinha enquanto fomos todos levados a delegacia. Avisamos, já na primeira entrada da polícia, todas as pessoas que poderiam vir e nosso advogado, mas pela comunidade de Brazlândia ser uma das mais distântes do centro, puderam chegar só quando fomos liberados; novamente não tinha mais o que fazer além da triste lembrança dos bons momentos na casa. Mais uma vez a polícia nos mostra de que lado está...porém, não desistiremos assim tão fácil. A iniciativa de Anarcopunx envolvendo outras pessoas do meio autônomo, libertário e feminista, de "colorir o abandono" de uma casa sem função social à treze anos e sonhando/planejando isso à alguns meses, foi posta a baixo em um dia...um dia que ao invés de nos desanimar, nos provou a força da coletividade e dando mais força, revolta e experiência para seguirmos lutando, sem dar passos atrás nesta luta sem final! Enaquanto houver gente sem casa e casas sem gente, haverá okupações! Enquanto existir o Estado que protege o capital e as propriedades privadas, estaremos nós lá junto as comunidades exploradas pela sua emancipação, seu bem-estar e sua dignidade!
"Desalojos são destúrbios!"
levantar a cabeça e seguir na luta:
"podem desalogar nossos corpos e nossas coisas, mas nunca nossos sonhos"
22 janeiro 2007
Qualquer sujestão, pergunta ou vontade de trocar idéias, adquirir nossos informativos ou dar contribuições, entre em contato conosco:
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Vai fazer quase 2 anos da mais recente experiência, no distrito federal, de coletividade punk que tenta se organizar, para se unir, resistir frente a esta cidade, e tentar muda-la. No começo do ano de 2004, @s anarcopunks do d.f., alguns/mas inspirad@s em uma das sugestões colocadas no encontro nacional de Dezembro de 2003 (São Paulo), de fortalecer as realidades locais antes de tudo, resolvem tentar rearticular o que seria nomeado de M.A.P.-D.F..Grandes reuniões ocorreram, assim como um ato-panfletagem no dia nacional antifascista (Fevereiro, 2004) tirado no mesmo encontro. A prática da idéia de continuar com o grupo não vingou e a iniciativa acabou dispersando. Porém, até o final do ano e justamente a partir desta tentativa falha, foi articulado, principalmente por boa parte destes/as mesm@s anarcopunks e de integrantes do centro de mídia independente-bsb, o primeiro Encontro de Grupos Autônomos do D.F., depois de muito esforço e várias cansativas reuniões. O encontro também teve inspiração nacional, no E.G.A. realizado
O Instituto Comunidade Praia Verde, no bairro de Candangolândia, foi o espaço também de pelo menos outras três importantes atividades pra nossas movidas aqui, em ordem temporal, o Encontro Local AnarcoPunk (nível d.f.), o II Encontro de Grupos Autônomos-d.f.., o I Encontro Regional [Centro Oeste] AnarcoPunk. No Encontro Local (Setembro) fizemos discussões e reflexões variadas, mas basicamente sobre a realidade local, óbvio. Não tiramos muitos encaminhamentos pra cumprir nem um relato formalizado, mas houve alguns pontos avaliativos gerais, como tentar caminhar em nível local com tranqüilidade/maturidade, sem querer fabricar um Movimento AnarcoPunk do Distrito Federal, continuar com a experiência do Coletivo; e que @s punks da cidade poderíamos seguir, pelo momento de então, como um grupo de afinidades; que o próprio momento do encontro era bom para tocar mais coisas do que as que já vinham sendo feitas; que o encontro era fruto de uma interação maior entre nós anarcopunks da cidade; que tínhamos disposição para organizar um encontro centro oeste;... E, pra fazer o regional, sendo que ele ocorreu no meio de Outubro, o tomamos como pauta maior até lá, articulando contatos com pessoas das outras realidades participantes, Cuiabá, Uberlândia, Goiânia. Também houve falas relativas a Porto Alegre, já que havia compas que eram de lá ou por lá tinham passado um bom tempo. Importantíssimo foi este momento. Lógico que, muito com base na experiência do discutido em nosso fórum local, tivemos ações paralelas até a chegada d@s compas, estudamos o caso de uma ocupa em Brazlândia, que resolvemos abortar, e um ato contra o repressor e irracional circo animal Beto Carrero. Contudo, o fato é que finalmente havia ocorrido um Encontro Centro Oeste, isto é, as várias realidades da região estavam presentes, fizeram um bravo esforço para comparecer, discutir e deliberar, não houve uma reunião de punks de brasília, apesar de, lógico, pela localização, foram maioria nas plenárias. Muito importante, realmente, a presença e a comunicação, interação de tod@s @s presentes, isso em nível interestadual! Discutimos, nos simpatizamos, e tiramos encaminhamentos/consensos, organizados, desta vez, em um relato, com todas as ressalvas, entretanto, de que tínhamos feito uma primeira atividade neste campo regional. Além do que, passou-se mais de um dia discutindo –e tentando quebrar- velhos tabus do meio punk, dentre eles o a banalização da violência, personalismo, sectarismo,... Até o fim do ano de 2005 do calendário cristão, o coletivo teve seguidas e inchadas reuniões de uma grande punkaida interessada, incluindo pessoas de fora que estavam no Encontro Regional, com quem, vale colocar, sempre tivemos boa relação. O Koletivo se via, por aí, com reuniões periódicas, muita gente, uma camaradagem mais forte ainda, e alguns acontecimentos/pautas/discussões prioritárias. Fomos fundamentais na organização do II E.G.A., quando houve, inclusive, o ressurgimento do libertário coletivo de teatro Rosa Negra, com boa peça “sobre o Estado”, repetida no “mundaréu”, já à época do Encontro Regional. Pena o grupo ter acabado logo depois daí. Discutimos, como estamos fazendo até hoje e este texto de apresentação é fruto disso, nossa (re) organização geral, fomos convidados por dois manos libertários a co-gerir, desenvolver alguma coisa, em aberto, que fosse em um espaço rural, numa chácara (“Satanás Querido”/ “Ternurinha do Caos”), tiramos de articular, um pouco na linha de um dos encaminhamentos regionais, um Dezembro anti-fascista aqui, nos afastamos do Instituto Praia Verde, por sábios e autônomos motivos nossos, percebemos que a relação não era de muito respeito, inclusive para conosco, enfim, começamos a pautar várias coisas, ter várias pautas pra discutir...O “dezembro anti-fascista” ocorreu, mas menor do que o que tinha sido proposto. Fizemos uma intervenção no bairro do Gama, com exposição de mural/panfletagem, outra no centro da cidade-setor comercial sul-, na verdade mais um apoio a outra intervenção autônoma, maior, que estava ocorrendo, que finalizou com um rebatismo da praça, cujo nome era relacionado à ditadura dos milicos, e ficou sendo “praça do povo”, a mídia local chama assim até hoje. Ainda foi feita uma semana, no conic, área central da cidade, só de mostra de vídeos, todos com temática anti- fascismo/preconceito/conservadorismo, com destaque para a boa estrutura da mostra e a presença de camaradas de grupos afins (mpl, mtd, e outr@s, do meio autônomo). Passamos bastante tempo sem reuniões, uma vez que o tempo de virada de um ano pra outro é complicado, culminando, no primeiro dia de Janeiro de 2006, com um histórico e covarde aumento de passagens, de mais de 21 por cento, chegando a mais de 50 por cento. Foram muit@s @s que quase deram sangue nessa comprida luta, incluindo nós. Vários bairros e indivíduos se envolveram bastante nisso, e durante uns bons meses, com o protagonismo necessário do M.P.L.-D.F.. Todos fizemos o que pudemos na luta, mas até hoje chegamos a pagar seis reais numa viagem urbana simples. A chácara, ficamos sabendo, já tinha voltado a ser do dono de novo, com a volta do mesmo. Fato, na verdade, posterior à nossa indisposição em articular qualquer coisa por lá, ou pensar coletivamente, consensuar o que fazer, tivemos problemas neste sentido, foi complicado sentar pra discutir essa pauta.
Caminhamos neste ano de 2006 com menos gente, e sempre discutindo/fazendo reestruturação, o que não nos impediu de tocar algumas coisas pra frente. Uma delas foi, no clima do ano de eleições, e de crítica a elas, por exemplo o lema que vem ganhando força “existe política além do voto”, a discussão que organizamos no sugestivo dia primeiro de abril (“dia da mentira”) no bairro de brazlândia, no “espaço
NÓIS MEMO
Somos um coletivo anarcopunk. Somos libertários, anarquistas, punks. Uma coletividade, não uma panelinha onde só entra quem nós julgarmos bonit@s ou engraçad@s nem um grupo político fechado em dogmas ideológico-científicos. Pessoas que, como tod@s @s outras, são únicas, sem cópia, sem clone, apesar da imposta e, infelizmente muitas vezes reproduzida e bem-vinda, padronização babaca da nossa sociedade de massas. Uma massificação, na verdade, que dita a autoridade pra nós, a crença cretina de que há superioridade entre os seres. Somos (de novo! hehe) tantas coisas, tantas idéias, justamente elas que tanto nos unem, mas, quem diabos somos/seríamos nós?A pergunta não tem, pra bem ou pra mal, uma resposta curta, mas talvez simples, sim. Não temos um espaço formal nem aprofundado tanto do que seriam nossos princípios quanto de leitura do mundo, da história, ou da nossa realidade. Contudo, existem pontos que nos unem, nos levam a atuar, a consensuar e a consensuar a atuar. Enfim, algumas várias aspirações e inspirações.
KRAP
11 janeiro 2007
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"PODER PARA O POVO!!"