
Vemos a squat, antes de tudo, como uma experiência e prática de anarkismo e, justamente por isso, queremos relatar aqui sobre as transformações, as idéias, os conflitos, as dúvidas.
Construímos, recentemente, um forno de barro e também uma composteira que vai transformar em adubo nosso lixo orgânico. Queremos ainda construir um banheiro seco, que não contamina e economiza litros e litros de água potável. Os banheiros da kasa foram depredados, não há saídas de esgoto que funcionem e água encanada, mas algo além disso nos motiva à construir um banheiro alternativo.
Devido a um incêndio que consumiu boa parte da infra-estrutura - principalmente a de madeira - temos apenas dois cômodos com telhado, onde dormimos atualmente. Queremos construir telhados e peças inteiras utilizando barro, bambu, garrafas, caixas de leite e outras formas alternativas que sejam mais ecológicas, inteligentes e econômicas. Essa carência nos fez começar do zero, porém, graças a isso, podemos questionar e escolher como e para que construir; podemos trocar conhecimentos práticos e desenvolver e incentivar essas alternativas. Pensamos em como seria recompensador ver os muitos barracos que nos cercam cobertos de barro, trabalhando como isolantes térmicos, ou até mesmo com banheiros secos deixando clara a independência de um sistema público de saneamento básico que tarda em chegar.
Xs amigxs mais pessimistas falam em algo em torno de vinte anos para deixar a kasa pronta, xs mais positivxs, dez. Porém, “pronto” quer dizer muitas coisas e, para nós, quase como uma metáfora para a vida, estar pronto é um estágio que nunca alcançamos, porque o real objetivo é estar em constante transformação, revolução. Entretanto, nos parece obvio que mais cômodos com telhado são necessários.
Outra coisa que viemos fazendo é o cadastro de nossos livros, zines e outras publicações para que possamos disponibilizar-los para leitura e, talvez, empréstimo. Além do conteúdo libertário, pensamos também em focar em livros didáticos. Ocasionalmente tem acontecido uma oficina de wen-do – defesa pessoal feminina(sta) – que queremos ampliar, e tornar semanal. Planejam-se para breve, oficinas de teatro de rua, de plantas medicinais, grupos de estudos...
Okupar e resistir têm sido para nós, viver em comunidade, em imersão em um micro-ambiente onde praticamos e desenvolvemos métodos para vivermos mais felizes e mais livres. Sem hierarquias inquestionáveis, sem autoridades inquestionáveis, sem regras impostas. Horizontal, cooperativa, autogestionada. Mas não é só isso: acreditamos que esses princípios deveriam ser universais e lutaremos por isso. Lutaremos para questionar e romper com o conjunto de valores éticos e morais, condutas e verdades, hábitos, costumes e tradições, a cultura: que teima em controlar nossas vidas e torná-la uma silhueta. Lutaremos para ser uma ameaça.
Retomar a medicina, a arquitetura, a alimentação, o ócio, a cultura, a sabedoria. A contracultura, a contramedicina, a contraarquitetura. Retomar e Redistribuir.
Texto por N4
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