18 junho 2008

"O Amor Venceu a Guerra.".


"O amor, e não a vida, é o contrário da morte.", Roberto Freire.


O Amor Venceu a Guerra (com alguns errinhos, da edição da edição da letra, :))
Letra: Gog.

É bem mais fácil, falar da dor./E bem mais fácil que falar do Amor./Dá mais ibope, chama atenção pros parceiros do mundão, né não?/



Meu vizinho vacilou, se entregou, não tive pena,/ na seqüência dependência,/ choro, algema./Seu refugio, um canto do banheiro,/ na porta gritaria, mãe, civil, 6 bombeiros./Nessa hora realmente o que se faz mais ausente,/ nessa hora o melhor se livrar do presente,/ e mirar no futuro pra se sentir mais seguro./Procurar uma luz que clareie esse escuro./Na saída de casa começa o desafio:/ olhares que condenam inquisidores no cio./Eu de cá do meu sobrado ganhando a cena,/ amizade é amizade, esquema é esquema./Tava aqui em casa, ele quem pediu, quem quis./Não fui oferecer, ele colou com o nariz./ Agora vou dizer, não tenho o mínimo remorso./Se ele fosse cabeça podia ate ser sócio./ Veja só o que eu consegui com meu trabalho./Casas, jóias, conta corrente, carros, nacionais e importados,/ todos caros,/ altos sapatos, casacos raros./



O que cansa é o entra e sai constante,/ cliente que conversa expressa bastante./Futrica, pergunta, quem não deve não aguarda ali mesmo se serve./Me apresento, sou comerciante,/ membro da comunidade atuante,/ homem que amarra dinheiro com barbante,/ sem receio,/ odeio/ o nome traficante./Pega mal,/ parece mercado informal,/ me esforço pra ser um bom profissional./Fornecedores, compradores com horário na agenda,/ amizade é amizade, e esquema é esquema./Consegui sair da fome e da miséria,/ sem precisar usar um caderno 10 matérias./E você com esse olhar estranho.../ Pergunta o que eu ganho, o que ganho?/



-Prestigio, muito fama,/ sobre a cama/ mulher dama,/ muitos trutas, muita grana,/ saí do pó, saí da lama./ Nunca perde, sempre ganha,/ sempre bate, nunca apanha,/ ninguém chama pro combate, ameaça te estranha./Seu nome corre trecho,/ na quebrada só respeito,/ até seus erros são aceitos,/ mandou, falou tá feito./É pouco pra você?/ Parar porquê?/ Quer me convencer?/ O que você tem pra oferecer?/Sou fruto aqui dessa terra./O amor versus a guerra/



REFRÃO

O amor, o amor versus a guerra./

O amor, versus a guerra.../



É bem mais fácil guardar rancor,/ é bem mais fácil que dizer que perdoou./Dá mais ibope, chama a atenção,/ mas faz mal pro coração./



Esses dias numa festa na favela aqui em cima./Uma dona me olhou, com olhos tipo quem intima/A moleca era linda,/ dormi e acordei com aquele olhar./Bem cedinho subi o morro fui me informar./Uma convidada mora ali ao lado, vamos lá./Chegando lá aquele mesmo olhar./ Me apresentei, não disse uma palavra./Sabe quando parece que você não agrada?/ Mas que nada, à noite tem balada./Várias baladas,/ todas virando a madrugada,/ tem pra fumar, pra cheirar nunca falta./Tem quente, tem gelada./ Segurança, muita arma./Mas aquela mulher não me saia da cabeça,/ vou lá na casa dela aconteça/ o que aconteça./Bati palmas, ela saiu,/ na seqüência, só acredita, quem viu./Me tratou mal, me chamou de dito cujo,/ disse que não se renderia ao meu dinheiro sujo./Que não estava em seus planos/ um homem que não viveria ate os 30 anos./Sem pausa, despejou toda sua ira./ Perguntou algo: --Como você respira?/Fúria no olhar, desprezo, palavras cortantes,/ o pior, adiante,/ me chamou de traficante./Sai arrasado,/ quase bati o carro./Bebida, bebida, cigarro, cigarro./



-Eu apaixonado por uma moradora da favela?/

(Não)

-Alem de petulante, vendedora de panela?/

(Que é isso)



A gente constrói os castelos de areia,/ e descobre os erros no frio da cadeia./ Até acreditava que fosse sujar e eu cair,/ mas calculava, tem acerto, eu pago pra sair./Agora aqui, lençol fino, chão gelado,/ sem dentes com o rosto deformado./Todo dolorido, por fora e por dentro,/ aqui tortura tem o nome de depoimento./Adivinha quem me visita no fim de semana?/Quem eu amo sem ter levado pra cama./ Quem?Domingo passado realizou meu desejo,/ nosso primeiro beijo./



Paguei o que devia pra justiça do homem,/ pro verdadeiro juiz meu pecado foi ontem./Uma geração de dependentes/ foram meus clientes,/ presos, mortos, agonia pros parentes./Lembrei na hora do meu antigo vizinho,/ sem contatos há 11 anos, mas sei o caminho./Trêmulo, bati palma, entrei tomei café , me emocionei com humildade./Morei anos aqui e nunca notei isso,/ vegetei anos aqui, eu era um morto vivo./Demorei, mas perguntei pelo Fábio./ Internado em uma casa de recuperação de drogados./Só não desmoronei pois já estava preparado./Diferente, agora me sinto culpado./



A semana toda passei agoniado./ Lá estava eu, madrugada de sábado./ O encontrei no jardim aguando as plantas./ Ali mesmo tivemos uma conversa franca,/ ali mesmo ensopei minha camisa branca./Me senti aliviado, tirei um nó da garganta,/ a violência com atitude impensada gera./ Não sou mais um entre a ganância e a capela./



(Ah o Fabio, hoje e gerente na fábrica de panela,/ também é padrinho da minha filha mais nova, a Gabriela)/Escapei e tô aqui só pra concluir,/ relatos como o meu são milhares aí./Faço parte de uma historia que nunca se encerra./E até aqui.../O amor venceu a guerra./



REFRÃO

O amor, o amor venceu a guerra./

O amor, venceu a guerra.../

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