24 setembro 2009

Os squatters de Berlim em contagem decrescente




Depois da queda do Muro houve quase uma centena de ocupações em Berlim. Berço do movimento alternativo, estas casas ocupadas tornaram-se parte integrante da identidade da capital. Mas 20 anos mais tarde, o que se mantém realmente desta Berlim alternativa?

Concertos de solidariedade, flyers, cartazes, eventos... os ocupas do 183 Brunnenstrasse em Berlim, tudo fazem a fim de manter esta ocupação viva. Mas parece que em vão.

O proprietário está decidido a expulsá-los. Se isso acontecer assinará o fim de um dos últimos locais ocupados na capital alemã.

Squatter ou "ocupação ilegal de propriedade" tem uma longa tradição em Berlim. Já sob o regime comunista da República Democrática Alemã, existiram muitas pessoas a ocuparem casas. Mas seria a queda do Muro que marcaria o início real do fenômeno. "Prédios inteiros foram abandonados", diz Moritz Heusinger, na época um estudante de Direito em Berlim Ocidental. “Uma janela ou uma fechadura às vezes faltava, não havia água canalizada e gás. Mas podia-se perfeitamente lá viver! Muitos como eu fizemos isto mais de seis meses". Como ele, muitos estudantes, artistas e outras pessoas ocuparam casas abandonadas de Berlim Oriental. Em 1991, o número de edifícios ocupados chegou a quase cem.

O governo municipal não esperou muito tempo para reagir. Em 1992, decidiu evacuar todos os locais ocupados na cidade, começando pelos de Mainzerstrasse. Porém, subestimaram o alcance e a determinação dos/das ocupas. O Mainzerstrasse transformou-se num verdadeiro teatro de guerrilha urbana com os tanques militares a enfrentar os coquetéis molotov de punks entrincheirados.

"Isso pode ser um verdadeiro projeto político"

Diante de tal resistência, substituíram rapidamente a estratégia de expulsão pela da "normalização". Moritz Heusinger, tornou-se um advogado, especializado em negociação de contratos entre os proprietários e os ocupas. "Os ocupantes são agrupados numa associação que aluga o prédio inteiro. Pagam um aluguel relativamente baixo e, em troca, o proprietário deixa-os em paz." Os squatters assim, gradualmente, desapareceram para dar lugar a uma vintena de "hausprojekt"; projetos habitacionais. O projeto em questão, "às vezes é apenas viver como uma grande família", disse o jovem advogado com rabo de cavalo. “Mas também pode ser um verdadeiro projeto político.” Assim, os habitantes do Tutenhaus defenderam os direitos dos homossexuais, os punks anarquistas do Köpi puderam organizar protestos anti-capitalistas etc. Estes alojamentos alternativos também são importantes centros culturais. Ateliers, galerias, estúdios de gravação, salas de concertos... aqui os artistas podem trabalhar sem restrições.

"Fechar estes lugares seria dramático, diz Moritz Heusinger. Berlim perderia muito da sua identidade. Sem mencionar a função social que cumprem esses lugares!" Um lugar para dormir barato, cozinhas populares, onde as pessoas podem comer por menos de dois euros. O "Hausprojekte" constitui uma verdadeira rede de apoio social numa cidade com cerca de quinze por cento de desempregados. No entanto, o advogado parece pessimista. "Há um verdadeiro fenômeno de gentrificação [emburguesamento]. Assim apenas os ricos vivem no centro de Berlim.” Enquanto isso, no último squatter, em Berlim, prepara-se a resistência.

"Não cederemos", garante Mano, um residente do 183 Brunnenstrasse. Alternativos contra ricos especuladores imobiliários, a batalha ainda não acabou.

Fonte: lepetitjournal

Armada anarquista se reunirá em Pittsburgh



Vinte líderes dos países mais ricos do mundo irão aterrissar em Pittsburgh na próxima quinta-feira, 24 de setembro, e serão confrontados pelas forças da Marinha Niilista, uma manifestação da miríade de fugitivos da totalidade das relações sociais coercitivas que encontraram refúgio e santuário sobre as águas.

Em nossa análise o G-20 representa a instituição central na orquestração da hegemonia global e seu projeto para invadir os últimos espaços autônomos neste planeta. Reconhecemos os participantes deste encontro como nossos inimigos, e, portanto estamos preparando uma brigada de navios que, velejando sob a bandeira preta, irão bloquear as águas ao redor do centro de convenção David Lawrence no dia de abertura do encontro do G-20.

Enquanto nosso/as companheiro/as resistem contra o G-20 sobre a terra, nas ruas, focaremos nossa resistência sobre as vias navegáveis que são a nossa casa. Assim como toda situação em que o marginalizado confronta o rico e poderoso, a nossa força de barcaças, jangadas, veleiros e embarcações sortidas parecerá um tanto decrépita face aos modernos navios militares norte-americanos. No entanto este é somente o começo de uma longa estratégia de ações a ser realizadas pela Marinha Niilista, como parte de uma insurreição global contra a rede de dominação e terror conhecida hoje em dia como “civilização”.

Além do bloqueio de 24 de setembro, nossa frota irá chamar atenção à luta dos piratas somalianos através das seguintes ações:

1. Começando a semana da Reunião do G-20 em Pittsburgh, as forças navais anarquistas irão atormentar, bloquear e abordar qualquer navio que faça parte da infra-estrutura do carvão mineral que, através da mineração, é responsável pela destruição das montanhas, rios e casas. Não haverá misericórdia com aqueles que lucram com a queima do carvão e tornam o nosso ar ainda mais cancerígeno a cada respiração. Como os piratas somalianos, somos incitados a agir contra aqueles que fazem da nossa comunidade uma zona de sacrifício ambiental. Eles acreditam que não temos poder para pará-los, mas como os piratas, iremos provar o contrário.

2. As forças navais anarquista irão também subir a bordo e atacar qualquer navio cruzeiro que estiver dando festas para os ricos, re-apropriando o total de bens de todos os presentes na festa para investir na restauração do meio ambiente e nas necessidades sociais de moradia. Como os piratas, utilizaremos a ação direta para re-apropriar as riquezas dos ricos, roubadas de nós sob o pretexto de livre comércio.

Estamos levando a cabo essas ações em resposta direta aos atos brutais que as nações do G-20 praticam contra os piratas somalianos. A resposta militar aos piratas demonstra mais uma vez como a proteção do livre comércio é mais importante do que a vida humana, especialmente as vidas daquele/as que não fazem parte das nações do G-20.

Como os piratas, nós nos recusamos a aguardar por soluções políticas enquanto os recursos que poderiam solucionar as necessidades de todos estão entesourados por uns poucos bem abaixo de nosso nariz.

Encorajamos todas as re-apropriações possíveis das riquezas que foram roubadas de nós, todas sob o pretexto do “livre comércio” e do comércio global – o esquema para, às nossas custas, tornar alguns poucos banqueiros ainda mais ricos.

Daremos viagens seguras para todos os membros da tripulação nos navios que tarjamos para a ação. Não lute a favor de nosso opressor mútuo, assim você não terá nada a temer de nós. Reconhecemos que isto é uma guerra. Não estamos fazendo ações para “protestar” ou fazer reivindicações. Agiremos, ainda que modestamente, como parte da luta contra a máquina mortal capitalista multifacetada, sem ilusões sobre a maneira de como iremos ser tratado/as por seus capangas uniformizados. Assim como os somalianos foram brutalizados, e as antigas Utopias Piratas foram demonizadas e exterminadas, não esperamos algo melhor. Mas, não poderemos viver com nós mesmos se não aproveitarmos esta oportunidade de atacar em um mundo onde nossas possibilidades por ações livres diminuem a cada dia. Quando nos encontramos em conflito, estamos lutando por nossas vidas; não haverá pedidos nem mercê.

A Milícia Naval Anarco-Niilista

Tradução > Marcelo Yokoi

14 setembro 2009

Ladyfest


Em um fim de semana com ventos de mudança e de verdadeira liberdade de expressão, que foram compensados com o ar que respiramos todos os dias neste país, nesta realidade, ar contaminado pela autoridade e a desigualdade, foi realizado um dos festivais mais transgressores já feitos no país.

Em 15 e 16 de agosto na cidade de Bogotá, foi dada carta branca para a segunda versão do Ladyfest nesta cidade, com mulheres e homens de várias partes do país, com diferentes vidas e diferentes modos de pensar, mas com uma idéia comum, a idéia de libertar as mulheres dos grilhões que diariamente a amarram, acabar com a competição e com essa violência entre gêneros humanos, e pela reconstrução das relações entre mulheres e homens.

Foi um festival cheio de expressões da cultura e da contracultura, de discussões e afinidades, onde vozes femininas e masculinas foram ouvidas em vários tons e num sentimento único, foi um encontro entre os e as responsáveis dessa cultura patriarcal e desse atuar machista que dominaram o mundo por muitos anos, o desenraizamento dos nossos contextos e das nossas vidas.

Compartindo, debatendo, criando, recriando, transformando, confrontando e reafirmando se desenvolveu estes dois dias, agindo e interagindo, sendo conseqüentes com o sentimento de liberdade e anti-sexista, demonstrando que estamos criando a mudança, como foi demonstrado no ano passado no primeiro Ladyfest da Colômbia, bem como foi demonstrado neste ano, em março, no Ladyfest em Barranquilla. Com temáticas diversas, com diferentes pontos de vista e comuns, eles e elas falaram, ouviram, dançaram, cantaram, pensaram e refletiram.

Também neste espaço foram ouvidos diferentes sons de protesto e resistência, foi vista a arte de meninas que criticaram àquelas mulheres que permitem e colaboram com a submissão do gênero feminino, artes que convidavam as meninas e meninos para redefinir suas identidades e a definir posições em relação a situações que diariamente vivemos. Palestras sobre mulheres e política, as mulheres nas prisões, o feminismo, erotismo, gênero, patriarcalismo, breakdance, música, fotografia, desenho, a estação muak, performance das mulheres frívolas, a moralidade na sexualidade, escutando o programa de rádio anarquia para amantes, as horas se passavam, fomos enchendo os corações de belos sentimentos de luta, união, de estilo riot grrrl, de rebeldia e de solidariedade.

Foi definitivamente uma grande experiência para todas e para todos, somos imensamente gratos a todas e todos compitas que nos ajudaram e que participaram ativamente nesta jornada, com energia, com o amor que todas e todos nos regalaram, a todas e todos que viajaram de outros lugares para ir para o festival, as bandas, as palestras, as artes, aos compas de Manizales, aos compas de Cali, aos compas de Medallo, a compa de Barranquilla, ao compa da Venezuela e aos compas de Bogotá! Ao público em geral e, especialmente, o movimento Riot Grrrl que nos dá todas essas vitaminas para criar e realizar estes eventos tão gratificantes.

Seguimos Existindo e Resistindo!

ReXiste Riot Grrrl

http://rexisteriotgrrrl.blogspot.com/

http://www.myspace.com/grrrlzcolombia

rexiste@riotgrrrl.co.uk