26 abril 2009

Tarnation

De quinta pra sexta eu virei fazendo um trabalho para a manhã seguinte. Sexta de manhã eu assisti esse documentário na aula das 8:15, sem palavras...


Tarnation, proporciona uma imprevisível e absorvente viagem pelas memórias do realizador, levando ao limite o princípio do "do-it-yourself".


Caouette debruça-se sobre alguns dos mais marcantes acontecimentos da sua vida recorrendo a imagens do seu arquivo pessoal, recolhidas desde os seus 11 anos através de câmaras Betamax, VHS, Hi-8 ou Mini-DV.
Expondo gravações privadas que focam situações do seu cotidiano familiar, o realizador evidencia sobretudo a tensa e dolorosa relação com a sua mãe Renee Leblanc.

Material para registrar não lhe faltou, já que o rapaz cresceu naquela típica família-problema americana. Sua mãe acusa os pais de terem sido violentos com ela. Menina-prodígio, se tornou uma semi-celebridade em seu estado natal, o Texas, e engrenou uma carreira de modelo até que caiu de cima do telhado de sua casa. Sofreu lesões que a levaram a um "tratamento" com eletrochoque. O uso da "técnica" a deixou com seqüelas que foram conduzindo a novos tratamentos que somente pioravam a situação. Casou-se e foi abandonada pelo marido, Jonathan ainda era muito jovem. Aos cinco anos de idade viu a mãe ser estuprada, o menino foi preso com a mãe durante uma viagem, e enviado a famílias adotivas, das quais sofreu todo o tipo de abuso. Adotado pelos avós, ele viu sua mãe entrar e sair de hospitais psiquiátricos. Ainda pré-adolescente, teve overdose com uma maconha super-turbinada, o que o deixou com distúrbios. Logo depois do episódio, Jonathan conheceu o mundo gay local onde ferqüentava as boates disfarçado de menina para enganar as autoridades. Lá fez os primeiros amigos, conheceu o primeiro namorado e participava de shows de dublagem.



Tudo isso é fartamente documentado, com auto-depoimentos, gravações das performances e dos incidentes ocorridos em sua vida familiar, social e afetiva, num total de 160 horas de imagens. Mas não se trata de meras gravações domésticas, como aquelas que a maioria das famílias de classe média costuma fazer. São imagens com uma função de servir de escape ou de entendimento de uma realidade, não apenas meras recordações.