19 maio 2010

“Nem Deus, Nem Patrão, Nem Marido”


[A história de 4 operárias que lançaram um jornal anarcofeminista. Esta é a base do filme “Nem Deus, Nem Patrão, Nem Marido”, de Laura Mañá, que estréia na Argentina em 24 de junho de 2010.]

Sinopse

Quando a polícia rosarina ameaça de morte Virgínia Bolten como represália a seu discurso anarquista, esta se emigra para Buenos Aires. Uma vez ali, busca refúgio na casa de Rogelio, um homem de espírito generoso e solidário que foi amigo de seu pai. Virgínia logo estabelece com Matilde, uma mulher também anarquista que leva a cabo sua militância em uma fábrica de fiação, propriedade de Genaro Volpone.

Este encontro se produz quando na fiação estoura um conflito pela demissão de uma das operárias. É nessa ocasião, a presença de Virgínia é decisiva para levar adiante o protesto. Ainda que as medidas de força não alcancem seus objetivos, como conseqüência da mesma se constitui um grupo que, junto a Virgínia, tentará tornar realidade um velho projeto desta: a edição de um periódico anarquista em que a voz da mulher ressoe com uma firmeza e contundência inédita para a época.

Depois de se salvar de vários revés, o periódico La Voz de la Mujer ganha as ruas, convertendo-se no primeiro na América Latina que englobou as idéias comunistas-anarquistas e feministas.

A fortaleza da personalidade de Bolten transcendeu os limites da cidade: ela encabeçou a primeira comemoração e marcha pelo 1º de Maio, em 1890.

Ficha artística

Maria Alche, Alejandra Darin, Ulises Dumont, Daniel Fanego, Ana Fernandez, Agatha Fresco, Joaquin Furriel, Esther Goris, Jorge Marrale, Laura Novoa, Eugenia Tobal.

Ficha técnica

Dirigida por Laura Maña; Roteiro: Graciela Maglie e Esther Goris; Diretor de produção: Facundo Ramilo; Fotografia: Oscar Perez; Som: Jorge Stavropulos; Música original: Mauro Lázzaro; Edição: Frank Gutiérrez; Vestuário: Graciela Gaján; Produtor executivo: Alejandra Brandan (Arg), Maria Jose Poblador (Esp); Produção Geral: Fernando Sokolowicz, Maria Jose Poblador, Claudio Corbelli.

Uma produção de San Luis Cine, Cinema Uno e Luna Films em co-produção com FELEI Cooperativa Ltda., Fundación C&M e Aleph Media com apoio de INCAA, ICAA e Generalitat de Catalunha. Distribuição: Primer Plano Film Group S.A.

A respeito de Virginia Bolten

Era filha de um vendedor ambulante alemão. Trabalhou em uma fábrica de sapatos e logo na empresa açucareira Refinaria Argentina de Rosário. Casou-se com um anarquista uruguaio de sobrenome Márquez, ativista no grêmio de sapateiros.

Em 1° de Maio de 1890, encabeçou a primeira manifestação pelo 1° de Maio em comemoração aos Mártires de Chicago, levantando uma bandeira negra em letras vermelhas com os escritos: "1° de Maio, Fraternidade Universal". Logo depois de pronunciar um discurso revolucionário e difundir propaganda anarquista aos trabalhadores em frente da Refinaria Argentina, é detida sob a acusação de atentar contra a ordem social. Foi a primeira mulher oradora em uma concentração operária.

Durante 1896/1897 editou o primeiro periódico anarcofeminista La Voz de la Mujer, cujo lema era "Nem Deus, nem patrão, nem marido". Neste periódico se divulgam os ideais do comunismo libertários, as injustiças contra os trabalhadores e em especial contra as mulheres. Também colaborou nas páginas do jornal La Protesta.

Participou como oradora em atos anarquistas em cidades como San Nicolás de los Arroyos, Campana, Tandil y Mendoza. Em novembro de 1900 foi presa junto a Teresa Marchisio e outros quatro anarquistas por organizar uma contramarcha em repúdio à procissão católica da Virgen de la Roca, em Rosário. Também organizou a "Casa del Pueblo" junto a outros anarquistas, realizando eventos políticos-culturais, debates, discussões, leitura de poesia e teatro para os operários. Em 20 de outubro de 1901 foi presa por distribuir propaganda anarquista nas portas da Refinaria Argentina durante um conflito em que morreu pela repressão policial o operário Cosme Budislavich. Em 1902 participou de uma manifestação em Montevidéu no 1° de Maio, e como oradora denunciou a Lei de Residência Argentina e a repressão ao movimento operário. Este ano participou também de um ato do Sindicato Portuário no teatro San Martín. Em 1904 voltou a Buenos Aires e formou parte do Comitê de Greve Feminino organizado pela Federação Operária Argentina, mobilizando aos trabalhadores do Mercado de Frutos de Buenos Aires. Essas febris atividades causaram em Virginia Bolten problemas de saúde; seus companheiros do grupo de teatro Germinal iniciaram uma coleta em seu benefício. Em 1905 foi novamente presa e seu companheiro Márquez foi deportado ao Uruguai, aplicando-se a Lei de Residência.

Em 1907, participou na greve de inquilinos como parte do "Centro Feminino Anarquista", razão pela qual se aplicou a Lei de Residência e foi expulsa para o Uruguai, sendo Montevidéu seu lugar de radicação definitiva. Sua casa se converteu em uma base de operações dos anarquistas deportados da Argentina. No Uruguai se reuniu com sua família, composta por Márquez e seus filhos pequenos. Em 1909 colaborou com o periódico anarcofeminista dirigido por Juana Rouco Buela, La Nueva Senda (1909-1910). Em Montevidéu organizou protestos pela brutal repressão ao 1° de Maio de 1909 em Buenos Aires, onde as forças policiais de Ramón Falcón assassinaram cerca de uma dezena de operários. Também participou da campanha a favor do pedagogo Francisco Ferrer y Guardia, fusilado en Montjuich em 1911. Neste ano trabalhou na Associação Feminina - Emancipación, organizando as mulheres anticlericais, a operadoras telefônicas (em sua maioria mulheres) e ativa contra as sufragistas femininas.

Formou parte do grupo que apoiou o anarco-battlismo junto a Francisco Berri, Adrian Zamboni y Orsini Bertan (anarquistas que apoiavam ao regime do presidente reformista Battle y Ordóñez, que laicizou o estado e a repartição pública, além de nacionalizar empresas de capitais estrangeiros). Durante este processo, o anarquismo perdeu apoio popular e ganhou preponderância o Partido Socialista do Uruguai. Durante 1913 o periódico do partido, chamado El Socialista, atacou fortemente a Bolten e seu grupo, acusando-las de trair ao movimento operário.

Nos últimos anos de sua vida integrou o Centro Internacional de Estudos Sociais, uma associação libertária de Montevidéu durante 1923. Segundo se crê, continuou vivendo no bairro de Manga, em Montevidéu até sua morte, ao redor de 1960.

Virginia Bolten foi apelidada a "Louise Michel rosarina".

Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Virginia_Bolten

Sobre a diretora

Laura Maña, nasceu em Barcelona, Catalunha, Espanha, em 12 de janeiro de 1968. É atriz e diretora de cinema.

Biofilmografia

Como Diretora: La vida empieza hoy - A vida começa hoje (2008); Ni Dios, ni patrón ni marido - Nem Deus, nem patrão, nem marido (2007); Morir en San Hilario - Morrer em San Hilário (2005); Palabras encadenadas - Palavras acorrentadas (2003); Sexo por compasión - Sexo por compaixão (2000); Paraules (1997).

Como Atriz: Romasanta (2004); Trece campanadas - Treze Badaladas; Nowhere; Libertarias (1996); Pizza Arrabbiata (1995); La Teta y la luna - A teta e a lua (1994); Lolita al desnudo - Lolita descoberta (1991).

agência de notícias anarquistas-ana

14 abril 2010

Google: uma nova abordagem para a privacidade?

http://passapalavra.org

Após um ataque chinês, o Google ameaça encerrar as atividades na China sob pretexto de liberdade de expressão. Por Gus e Pietro


O Google, o Yahoo, a Microsoft e outras empresas de tecnologia da informação publicamente colaboram com o governo chinês a censurar e reprimir os seus cidadãos. Isso não é nenhum segredo ou dito envergonhadamente. Muito pelo contrário, desde 2006, a gigantesca corporação de Mountain View, o Google, mantém parte da sua infra-estrutura técnica hospedada em território chinês e disponibiliza seus serviços no país através do site “google.cn”.

Um dos mecanismos mais cotidianos da colaboração é a filtragem do conteúdo das buscas. Por exemplo, quando um internauta chinês busca por “Praça da Paz Celestial”, dos resultados são eliminados todos os sites relacionados ao massacre dos estudantes chineses em 1989 - a famosa cena do homem enfrentando os tanques do governo não é exibida - e uma nota explicativa é mostrada: “Os resultados da pesquisa que podem não cumprir as leis, regulamentações e políticas, não serão mostrados” [1].

Entretanto, num comunicado publicado no dia 12 de Janeiro [2], no blog oficial da empresa, o vice-presidente sênior de Desenvolvimento Corporativo e Diretor Jurídico do Google, David Drummond, afirma que recentemente sofreram um grande e sofisticado ataque. Após investigação interna descobriram que o mesmo partiu do território chinês e “resultou no roubo de propriedade intelectual do Google”. E ainda, o ataque atingiu outras vinte grandes empresas - sem identificar quais -, mas que estão trabalhando com as autoridades competentes dos Estados Unidos para notificá-las.

Nessa investigação também foi revelado que contas de emails de ativistas de direitos humanos - dos Estados Unidos, da Europa e da China - que apóiam a dissidência chinesa têm sido acessadas por terceiros, acesso esse obtido através de outros ataques virtuais mais comuns (virus, trojans e phishing scams).

Há rumores de que o governo chinês seria o responsável pelo ataque, apesar de não haver provas. Mesmo assim, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, fez uma declaração exigindo explicações do governo chinês [3]. Perante essa situação hostil, o Google decidiu tomar uma nova posição em relação à China. Pela “liberdade de expressão” não irão mais se autocensurar: “Nós decidimos que não estamos mais dispostos a continuar censurando nossos resultados no Google.cn”. Caso o governo chinês não aceite negociar, talvez os seus serviços não serão mais oferecidos e a empresa encerrará suas atividades no país.

No decorrer das reportagens sobre o caso, um funcionário da empresa revelou na imprensa que os invasores utilizaram um sistema interno de interceptação criado pelo Google para que pudesse executar os mandados de busca e entregar informações dos usuários [4]. Outro caso de colaboração do Google com o governo ocorre no Brasil. Desde 2006 a empresa disponibilizou uma ferramenta semelhante para que a Polícia Federal possa rastrear usuários do site Orkut, sem necessidade de ordem judicial [5]. Assim, cabe questionar: se o Google está ameaçando abandonar a China e encerrar as atividades no país, porque não toma a mesma postura em relação aos outros países, isto é, porque não se recusa a violar a privacidade de seus usuários? Ou ainda, porque não torna público o uso dessas ferramentas por outros governos?

A política dos serviços prestados pelo Google é tema de diversos debates sobre privacidade, ou melhor, sobre a sua violação. Sob o famoso lema “Don’t be evil” (“Não ser mau”), o Google construiu uma grande rede de serviços online que coletam dados de seus usuários. Após a coleta ocorre um processo de garimpagem de dados (data mining) para tipificar os usuários segundo padrões de gosto e comportamento. É uma técnica que pode ser utilizada para tornar a publicidade mais eficiente, isto é, a propaganda passa a ser orientada com base no que os usuários estão pesquisando, enviando, assistindo ou digitando. Certa vez, quando duas estudantes conversavam pelo GMail sobre comer comida japonesa à noite, não demorou para que surgisse uma propaganda ao lado da conversa oferecendo o delivery de sushi. Um exemplo entre muitos, essas propagandas ocorrem na maioria dos serviços do Google e seus usuários já se habituaram com a invasão de espaço e de privacidade.

Para os diretores do Google, privacidade não combina com liberdade ou ainda liberdade de expressão. Como afirmou o CEO do Google Eric Schmidt, em 2009, “Se você faz algo e não quer que ninguém saiba, talvez, primeiramente, não devesse fazê-lo”. Essa argumentação foi respondida com sarcasmo, pois em 2006 o mesmo negou-se a dar entrevista ao site CNET após terem feito um dossiê sobre a sua vida: salário, onde morava, entre outras descrições. Todo material fora obtido através do próprio site. Pois, então, perguntaram-lhe: “Se você não quer que saibamos seu salário, porque você não deixa de ganhá-lo?”

Muito além do Big Brother… “Scroogled”

Palavras-chave de buscas, os resultados clicados, sites visitados, os emails lidos e enviados, com quem conversa e com qual frequência, os vídeos assistidos, a lista de contatos… Todos esses dados são coletados pelo Google e isso é informado em sua política de privacidade. O que aconteceria se todo esse material fosse parar na mão dos governos? Baseado nisso, o jornalista canadense e escritor de ficção-científica Cory Doctorow escreveu em 2007 o conto “Scroogled” [6]. Nesse texto encomendado pela revista Radar, o futuro próximo é uma distopia[7] em que o Google é contratado pelo governo estadunidense para ajudá-lo no combate ao terrorismo. A história pode ser lida aqui.

O autor apresenta a vida de Greg Lupinski, um ex-funcionário do Google que ao voltar das férias no México e ao passar pelo interrogatório no aeroporto, torna-se um suspeito de terrorismo. Para contornar a situação e escapar dos agentes do Departamento de Segurança Nacional, a sua amiga e funcionária do Google, Maya, ajuda-o com um programa para reinventar sua identidade virtual. Mas um programa seria capaz de enganá-los? A dúvida tira-se lendo. Entretanto, a qualidade deste escrito está justamente em não ser um devaneio futurístico, mas em ser constituído por informações e hipóteses plausíveis sobre a dimensão dessa empresa.

Descritas ao longo do conto, as ferramentas do Google podem ser muito eficientes em extrair informações. Por exemplo, em uma das passagens de “Scroogled”, durante o interrogatório no aeroporto, Greg revela o caráter íntimo e privado das suas buscas:

“Greg sentiu um aperto. ‘Você está vendo as minhas buscas e meu e-mail?’ Ele não tocava num teclado há mais de um mês, mas sabia que o quer que tivesse introduzido naquele campo de busca seria bem mais revelador do que tudo o que ele já havia dito ao seu psiquiatra.”

A garimpagem e o armazenamento de dados sobre a vida das pessoas permite a elaboração de dossiês biográficos que nenhum regime ditatorial pode escrever tão detalhadamente e com tanta precisão. As informações não são obtidas por torturas, mas sim por colaboração voluntária através de uma interface amigável.

Entre distopias, uma obra de grande referência é 1984, de George Orwell, onde a tecnologia empregada pelo governo “Big Brother” eram as teletelas [écrãs gigantes], que asseguravam um monitoramento constante e uma comunicação imperativa que coagia os indivíduos a realizarem suas tarefas, sendo assim uma forma de evitar a subversão. O dia-a-dia dos indivíduos desse romance era tomado pela ausência da liberdade. A teletela [écrãs gigantes] aí possui a função de tutelar, ou ainda, de disciplinar os indivíduos. Mas o Google controla-os: sabe tudo, sobre todos os que usam seus serviços. A cada clique o indivíduo produz uma prova contra si próprio; a cada email enviado, uma delação de si próprio. No caso do “Scroogled”, os indivíduos são supostamente livres e apenas os comportamentos típicos de “terroristas” é que são o alvo de investigações. Apesar da natureza diferente dessas ferramentas - uma de origem governamental e outra do setor privado - e de serem concebidas de modos tecnologicamente diferentes - uma baseia-se na vigilância forçada e a outra é um ato voluntário -, elas não são excludentes e podem funcionar em complemento uma com a outra, de modo que os indivíduos estejam sempre a ser capturados, registrados e armazenados num banco de dados. De um jeito ou de outro, mas sempre conectados.

Da ficção à realidade

A Grã-Bretanha é reconhecida internacionalmente como um dos países que mais investe e utiliza as câmeras de circuito interno (CCTV). Porém, as estimadas 4 milhões de câmeras não diminuíram significativamente os crimes. Segundo o periódico Telegraph: “Para cada 1.000 câmeras em Londres, menos de um crime é resolvido por ano” [8]. O efeito da implantação das CCTV possui muito mais valor simbólico, isto é, de introjetar o medo na população, do que consegue evitar ou resolver crimes.

No Brasil o governo mantém uma rede dos bancos de dados de segurança pública, a Infoseg, mantida pelo Ministério da Justiça através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Nela é possível consultar os dados sigilosos de qualquer cidadão brasileiro. Nas ruas do centro de São Paulo o acesso a essa rede era vendido ilegalmente pelo pagamento de R$2.000 [9]. Além desses bancos de dados já existentes, em 2009 quase foi aprovada a “Lei Azeredo”, de autoria do senador Eduardo Azeredo, para tipificar os “cibercrimes”. Nela, buscava-se autorizar o monitoramento de todos os internautas brasileiros tornando obrigatório que os provedores de internet e locais de acesso a internet (como as lan houses) guardassem um registro de todos os usuários por pelo menos 6 meses. Além disso, os provedores eram obrigados a fiscalizar seus usuários para saber se faziam algo ilegal. Ativistas, blogueiros e demais nomearam o projeto como o “AI-5 digital”. Porém, diferente do que aconteceu em 1968, este não saiu do papel devido à pressão contra a sua votação e resultou em seu congelamento.



Já no caso da coleta e armazenamento de dados por empresas e governos, o autor de “Scroogled” traz uma metáfora interessante. Diz ele que esses dados pessoais são como lixo nuclear: perigoso, de longa duração e uma vez que há vazamento não há volta [10]. Um vazamento desse tipo ocorreu em 2006, quando o site America On Line (AOL) disponibilizou por acidente mais de vinte milhões de termos de busca de mais de 650 mil usuários. Apesar dos usuários serem identificados apenas por um número, ainda assim foi possível identificar alguns deles. Quanto tempo levará para esses dados se tornarem obsoletos?


Tanto as câmeras como as ferramentas de interceptação de dados representam a quebra do princípio da privacidade e a construção de uma infra-estrutura de controle ininterrupto das populações. Desse ponto de vista, a fronteira entre o governo chinês e os países democráticos desaparece. Não é descabido afirmar que hoje o Google sabe mais sobre os cidadãos do que qualquer governo, pesquisa de mercado ou mesmo o seu psicólogo. O caso do ataque chinês e a ameaça do Google tornam claro que não se trata de liberdade de expressão, mas sim de uma encruzilhada: ou abandonar o maior mercado do mundo ou ver serem revelados a sua propriedade intelectual - e os seus segredos.

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Notas

[1] Mensagem original em inglês: “Search results may not comply with the relevant laws, regulations and policy, can not be displayed”

[2] “New approach to China” (“Nova abordagem para China”): http://googleblog.blogspot.com/2010/01/new-approach-to-china.html

[3] http://www.state.gov/secretary/rm/2010/01/135105.htm

[4] “Google attack part of widespread spying effort” http://www.computerworld.com/s/article/9144221/Google_attack_part_of_widespread_spying_effort?taxonomyId=13&pageNumber=1

[5] http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u21063.shtml

[6] Scroogled: um neologismo que une “Screwed” (ferrado) e “Google”.

[7] Segundo o Houaiss (BR) é “localização anómala de um órgão”. Segundo o Porto Editora (PT) é «lugar imaginário onde tudo é negativo».

[8] http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/crime/6082530/1000-CCTV-cameras-to-solve-just-one-crime-Met-Police-admits.html

[9] PF apura venda de senha para rede de dados, 29/08/2008 http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u439202.shtml

[10] “Personal data is as hot as nuclear waste” http://www.guardian.co.uk/technology/2008/jan/15/data.security

Etiquetas: Repressão_e_liberdades, Vigilância

23 fevereiro 2010

Rock Against Arruda CANCELADO

Olá amigxs,
(essa história de cena no fundo ainda se trata disso né?)

É com uma tristeza profunda que a gente vem anunciar que por mais hercúleos que foram nossos esforços, não teve jeito, a próxima empreitada do Caga-Sangue, o Rock Against Arruda, está cancelada. Por uma decisão do Balaio Café, o evento que aconteceria nessa sexta-feira, 26, não vai mais rolar. Não temos nenhum espaço para realizá-lo.

Como já era o terceiro local para o qual a gente corria desesperadamente pedindo um buraco para fazer música e como faltam apenas cinco dias para a data marcada do show, não nos resta muito a não ser desistir, lamentar e pedir desculpas a quem queria muito que esse evento rolasse. Vocês devem imaginar que não tinha ninguém que queria maisisso do que a gente.

Mais do que um problema de uma cena específica, de música barulhenta na capital, a falta de espaços para encontros é um sintoma dessa cidade de merda que a gente vive, que promove a segregação como plataforma política. Já havíamos abordado esse tema em um texto chamado Banidxs no DF, que foi espalhado no último show que a gente organizou, em julho do ano passado.

São os tempos que a gente vive: muita apatia, passividade e diversão em shopping center. Alguma vez foi diferente? Só que a gente não desiste fácil não. A derrota é velha conhecida, parceira.

Como diria aquela canção, “Vamo que vamo, perder de vez”.

Coletivo Caga-Sangue Thrash
www.cagasanguethrash.wordpress.com

PS 1: Quem tiver sugestões ou ideias de local pra show, por favor, escreva pra cagasanguethrash@gmail.com

PS 2: Além de toda a trabalheira de perambular até tarde na rua colando cartazes, a gente tinha preparado um belo gif animado do show pra espalhar pela rede. Mal pôde ser visto. Fica aí como mais um belo troféu desse grande fracasso: http://cagasanguethrash.files.wordpress.com/2010/02/cagaarruda.gif

15 fevereiro 2010

Rock against Arruda tem novo local!!!!



Pelo espaço de um suspiro a gente achou que o Arruda tinha vencido. Com sua política higienista, ele nos tirou o Conic, acabou com o Caga-Sangue e matou Joaquim Extremo. Resolvemos reunir forças para dar o troco. O local e a data da vingança estavam marcadas, mas nessa semana recebemos uma triste notícia do pessoal do Espaço Mosaico pedindo para cancelar o evento. Por mais um suspiro achamos que havíamos perdido de novo. A derrota é uma constante e uma amiga.

Mas foi aí que o pessoal do Balaio Café resolveu abrir as portas mais uma vez ao Caga-Sangue (a gente já tinha feito o lançamento do dvd do Caga lá em 2008). Então, temos o belo anúncio de que o Rock Against Arruda tem agora um novo local na mesma data: 26/02 (sexta-feira), no Balaio Café da 201 Norte.

Uma boa notícia para quem bebe é que lá não há restrições com relação a alcool e cigarros. É só ter um pouco de noção pra não ficar fumando no porão apertado cheio de gente subindo uma em cima das outras. Outra boa notícia é o que o local fica bem próximo da rodoviária do plano piloto, onde todo mundo pode pegar ônibus. O novo cartaz tá em anexo, o release segue abaixo. Por favor, espalhem pelos quatro cantos e façam essa rede subterrânea ferver contra o poder.

02 fevereiro 2010

Caga-Sangue Thrash apresenta: Rock Against Arruda


A próxima empreitada do coletivo Caga-Sangue Thrash acontecerá no próximo dia 26 de fevereiro. Inspirados pela turnê Rock Against Reagan, que juntou nomes como Dead Kennedys e DRI viajando pela costa oeste americana nos anos 80, o grupo resolveu juntar forças para organizar um Rock Against Arruda.

A ideia é mostrar um pouco da indignação contra o sistema de corrupção instalado na política institucional da capital fazendo o que a gente mais gosta de fazer: música raivosa. O objetivo é reunir um pouco da juventude da cidade para produzir sua própria diversão e pensar por conta própria.

Dessa vez, o show contará, além das apresentações das bandas, com um debate sobre as mobilizações e resistência do movimento “Fora Arruda” e sobre a atual conjuntura política no DF. O coletivo não possui qualquer envolvimento partidário, mas acredita que política é algo que pode fazer no cotidiano, sem necessidade de aparelhos formais de representação.

O ingresso, no valor de R$ 5, é o mais barato que podemos cobrar para cobrir os custos de aluguel, equipamento e fotocópia dos cartazes. Lucro não é objetivo, nunca foi. Uma prática que virou tradição dos eventos do Caga-Sangue, a distribuição de textos de política e pensamento divergente, também acontece nessa edição. Haverá ainda venda de material independente a preços camaradas e de comida vegana. As pessoas que aparecerem de bicicleta ganham um desconto no ingresso.

O novo local

Descolamos um novo lugar pra fazer shows. O pessoal muito gente fina do Espaço Mosaico topou abrir as portas para o Caga-Sangue. O lugar é perfeito para os nossos shows: pequeno, apertado, sem palco. Aquele desconforto que a gente gosta, sem divisão entre banda e público. A localização é bacana também, fica ali na 714 Norte, em cima da W3.

Esperamos que todo mundo que vá ao show perceba que conseguir um novo local para fazer shows em Brasília é uma vitória para toda a cena. Assim, é importante a gente ter noção de preservar o espaço, para que esse seja apenas o primeiro de muitos shows lá. É importante observar também que, a pedido do Espaço, não são permitidos álcool, nem cigarros no local do show. Claro que quem quiser fumar lá fora, pode fumar, não tem nenhum problema.

Outra marca de todos os shows do coletivo, é começar cedo para terminar cedo, para que todo mundo possa aproveitar a “beleza” do sistema público de transportes da cidade. A gente é nerd e não gosta de balada. Nessa ocasião não será diferente. Mesmo na sexta-feira, 23h é o nosso limite.

As bandas:

Possuído Pelo Cão: Toque rápido ou morra porque o thrash não morre não. Primeiro show em Brasília desde outubro de 2008. www.myspace.com/possuidopelocao

Terror Revolucionário: Crustcore energético de letras libertárias, ou como o pessoal da banda chama: Hardcore Livre. www.myspace.com/terrorrevolucionario

Gracias por Nada: Anarcopunx fazendo barulho. Soturno, pesado e a insana presença do Baezina.

http://www.myspace.com/graciazpornada

Maus Atos: Hardcore de moleque doido diretamente de Águas Lindas, ou Parque da Barragem. Primeiro show em Brasília.

Gulag: Estréia da banda nova de gente velha. Hardcore americano com um pé no Guará e outro no Cruzeiro.

O Coletivo

Caga-Sangue Thrash é um coletivo de pessoas envolvidas com música hardcore-thrash que organiza eventos sob a ética do “faça-você-mesmo” em Brasília. O Caga-Sangue tenta recuperar um pouco da insanidade, animação e espontaneidade na produção de contra-cultura da capital. É a feiura em forma de show de rock.

Os shows do Caga-Sangue são uma reunião de desajustadxs sociais. Se você se sente desconfortável no seu trabalho, deslocadx na escola, ou que não pertence às reuniões da sua família, não se preocupe, nós também.

Vemos o underground como um espaço para a diferença e não para reprodução das expectativas do resto do mundo. Acreditamos na produção DIY como uma maneira prática de vivermos alguns de nossos sonhos e pelo menos em algum aspecto não termos nossas vidas ditadas pelo dinheiro e status.


Caga-Sangue Thrash apresenta: Rock Against Arruda

26/02 (sexta) 18h-23h

Possuído Pelo Cão, Terror Revolucionário, Gracias por Nada, Maus Atos e Gulag

+ debate sobre Fora Arruda

Apenas R$ 5


www.cagasanguethrash.wordpress.com

cagasanguethrash@yahoo.com.br